30.4.10

Áreas verdes produzidas através do empreendedorismo / Green areas produced through entrepreneurship

Atualmente, há falta de áreas verdes de qualidade. A explicação natural para isso é de que, por ser um bem de benefício público disperso, não há interesse de um indivíduo prover este bem, pois não se beneficiaria fazendo isso. As áreas verdes são delegadas, então, para o governo. Porém, o governo não é um bom administrador por definição, já que não segue processos meritocráticos e tem suas atitudes movidas por grupos de interesse que exercem pressão política aos administradores. A eleição destes administradores também é resultado de um processo falho: já que a influência do voto de um único eleitor é muito pequena, e o custo de pesquisar e saber qual o melhor político para se votar, este permanece ignorante aos políticos em que ele está votando. Será que não existe saída para o problema da falta de áreas verdes de qualidade?

Acredito em uma solução interessante e pouco explorada, através do empreendedorismo. Empreendedores são pessoas que vêem deficiências no mercado, demandas não sendo atendidas, e atendem estas demandas através de soluções empresariais. Isto pode se dar de diversas formas:

1-Valorização de empreendimento: Tanto em áreas residenciais como comerciais, áreas de convivência arborizadas e com atratividade ambiental estão cada vez mais valorizadas pelo consumidor. Em Porto Alegre, grandes empreendimentos residenciais, como o Parque Germânia, da Goldzstein Cyrela, seguem este conceito, preservando mais área verde do que o legalmente solicitado. O recentemente inaugurado Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, também segue este conceito, mantendo diversas árvores já existentes no terreno e criando áreas de convivência ao ar livre sob elas.

2-Marketing não-convencional: Também já manifestado em Porto Alegre, o programa de adoção de praças segue este conceito. Embora o cidadão já tenha pago para a manutenção das áreas verdes através dos impostos, empresas privadas realizam a manutenção dos espaços verdes em troca de divulgação de sua marca nestas áreas. A campanha da Pepsi para a manutenção dos equipamentos na orla do Guaíba também usa esta idéia. Não há discussão que as áreas mantidas neste programa superam a manutenção pública.

3-Pesquisa científica: O Nature Conservacy, entidade americana de pesquisa na área ambiental, compra grandes áreas verdes e as preserva para permitir o estudo científico do ambiente natural. A sua lógica é bastante diferente dos grupos ambientalistas comuns que exercem pressão política para aumentar os gastos governamentais com políticas “verdes”, impondo seus valores sobre os demais cidadãos.

4-Qualidade Espacial: o estudo de paisagismo e arquitetura poderia contribuir muito para praças de grande qualidade que eventualmente podem ter entrada paga. Regionalmente isto já acontece com reservas verdes em áreas mais afastadas, principalmente nos arredores de Porto Alegre, onde a terra é mais barata, e na Serra Gaúcha, onde há grande riqueza e diversidade ambiental. Em escalas urbanas menores, isto ocorre em Porto Alegre na Praça Província de Shiga, em Porto Alegre, apesar de ser mantida também pelo consulado japonês. Para grande maioria das pessoas, a vivência em áreas verdes aumentam sua qualidade de vida, e estão dispostas a pagar de forma direta para este benefício, e não através de impostos que terminam em uma administração governamental ineficiente.

5-Loja: A forma menos convenvional seria a área verde “à venda”, que é o caso de grandes floriculturas, como a Floricultura Ursula, em Nova Petrópolis, ou a Floricultura Winge, em Porto Alegre. Estes espaços são integrados, muitas vezes, com áreas de convivência para os clientes. Acredito que estas floriculturas poderiam estudar o potencial de aumento de vendas na criação de mais espaços de convivência para os clientes, utilizando a qualidade do seu produto como uma forma de atração do consumidor.

As áreas verdes realizadas através do mercado também buscariam maior eficiência na localização e na manutenção destas áreas de acordo com a demanda. O que vemos hoje, muitas vezes, são parques muito grandes em áreas de baixa densidade e pouco uso e parques muito mal cuidados e degradados em áreas nobres, centrais e de alta densidade, como é o caso da praça pública do DMAE, em Porto Alegre, esquina da Rua Hilário Ribeiro com a Rua Santo Inácio.

As alternativas acima podem parecer, à primeira vista, não muito eficazes. Porém, nenhuma das alternativas citada acima é manifestada, atualmente, na sua totalidade. Um motivo seria o gasto já feito pelo consumidor para áreas verdes na forma de impostos, e o segundo seria a falta de direito de propriedade completo sobre áreas verdes: árvores nativas não podem ser consideradas propriedade devido às restrições do proprietário. Outro motivo são as incertezas quanto à invasão, desapropriação ou restrição ambiental de áreas verdes no Brasil. Um caso publicado recentemente no jornal Zero Hora foi de um empresário gaúcho que conseguiu preservar, apesar dos riscos, uma grande área verde durante mais de 20 anos, com o intuito bem intencionado de um empreendedor ecológico. Esta área sofreu tanta regulamentação ambiental que ela perdeu o valor de mercado, não podendo ser executado nenhum empreendimento que pudesse valorizar aquela área.

Poucos, como o Property and Environment Reseach Center, difundem a idéia do empreendedorismo ambiental, apesar da qualidade do seu resultado. O mercado é a única solução eficiente e não-coercitiva para a preservação e valorização dos espaços verdes, porém esta idéia ainda não foi assimilada por maioria dos grupos ambientalistas.

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Today there is a lack of good green areas. The natural explanation for this is that, by being a public good, there is no individual interest to provide this good, as no one could individually benefit by it. Green areas are, therefore, a government provided good. But government doesn`t run things well by definition, as it does not follow a meritocratic process and has its managers (politicians) moved by pressure groups, ou "rent-seekers". The election of these politicians are also a result of a imperfect process: as a single voters influence on the final result is very small, and the cost of knowing what are the good politicians is too high, voters remain ignorant to the political process. Is there no other solution to provide quality green areas?

I believe in a interesting and unpopular idea through entrepreneurship. Entrepreneurs are people who see market deficiencies, unattended demands, and attend these demands creating businesses solutions. This can happen in many ways:

1-Development appreciation: In residential areas as in commercial area, environmentally attractive green living areas are more and more valued by the consumer. In Porto Alegre, large residential developments, as Germania Park by Goldzstein Cyrela, follow this concept, preserving more green area than legally demanded. Shopping Cidade Jardim, in São Paulo, also follows this concept, keeping many existing trees in the lot during construction and creating open air living areas below them.

2-Unconventional Marketing: Also already used in Porto Alegre, the park adoption program follows this concept. Although citizens have already payed their taxes for the maintenance of green areas, private companies adopt public areas in exchange of low-impact marketing in these areas (small signs and logos in trashcans). Pepsi's campaign (also in Porto Alegre) to support the Guaíba Lake fringe also uses this idea. There is no doubt that this private maintenance overcomes public maintenance in Porto Alegre.


3-Scientific Research: The Nature Conservancy, an american environmental research NGO, buys large green areas and preserves them to allow scientific research. Their logic is very different from environmentalist groups that exert political pressure to grow public spending in "green" policies, imposing their values above other citizens.

4-Spatial Quality: Landscape architecture could contribute a lot to high quality squares and parks that could, eventually, have a paid entrance. It already happens in outer city areas with large parks that have cheaper land value and are economically feasable. In smaller scales, it already happens in Porto Alegre on the tiny Província de Shiga park, that though maintained by the japanese consulate, has a paid entrance and an amazing green area. To most people, spending more time in green areas (or close to them) increase their quality of life, and are willing to spend money directly in order to have that, not indirectly through taxes which end up with a inneficient government administration.

5-Store: The most unconventional way of getting entrepreneurial green areas is through "green areas for sale", which is the case of large flower shops, like Floricultura Ursula, in Nova Petropolis, or Floricultura Winge, in Porto Alegre. I believe these flower shops could study a potencial increase in sales by creating more living spaces for their clients, using their own product as a consumer attraction.

Marketed green areas would also look for higher efficiency when locating and maintaining these areas according to demand. What we commonly see today area parks with low use either because they are badly located, either due to low density or simply not in a good area for its use. This produces, most of the time, dangerous unattended public areas, as the public DMAE square, in Porto Alegre.

Alternatives above may seem, at first sight, not very effective. However, none of them are fully in expressed today. One of the reasons for this is that consumers already pay for green areas through taxes, other reason would be the lack of complete private property over green areas: native trees cannot be considered private property due to the large amount of legal restrictions. Other reasons related to property issues would be the uncertainty as to property invasions in Brasil, expropriations by the government and sudden land restrictions imposed by new laws. One brazilian tried to be an enviropreneur and failed: a large green area he bought more than 20 years ago suffered so many environmental restrictions that no profitable development could be executed, leaving the green area deserted.

Only a few, like the Property and Environment Reseach Center, spread the idea of environmental entrepreneurship, despite the quality of its results. The market is the only efficient and non-coercitive way to preservation and appreciation of green areas. However the idea has not been understood by most environmental groups.

Um comentário:

  1. Apesar de não ser estudante de arquitetura sempre acho seus artigos educativos e interessantes! Parabéns! Continue postando! Abraço.
    Mauricio Timm Zottis

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